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"Profeta", "santo", "polêmico" sempre foram termos empregados para definir a personalidade de Dom Hélder Câmara, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife morto em 1999 e dono de uma obra social tão vasta quanto primordial para entender o Brasil contemporâneo. Figura central da ala progressista da Igreja Católica desde os anos 50, quando ajudou a criar a CNBB e o Conselho Episcopal Latino-Americano, o Arcebispo tem seu pensamento revisitado no filme "Dom Hélder Câmara - Em Busca da Profecia", média-metragem que a TV Cultura exibiu em 2002.
Esta é a primeira versão da história que apaixonou a cineasta mineira radicada em Brasília, Érika. "O que me motivou foi ver esse homem tão atuante não perder nunca a esperança", resume a diretora. "Era um homem que não se deixava abater e a 'profecia' significava a esperança que vinha a cada momento de dificuldade", completa.
As dificuldades, lembradas por Erika, não foram poucas na vida do homem que atormentava a cúpula do regime militar sem pegar em armas nem se ligar a movimentos guerrilheiros. Seu principal instrumento foi ligar a Igreja aos movimentos sociais, o que o levou a um envolvimento profundo com as comunidades eclesiais de base. A "recompensa" do Poder Público veio em 1970 por obra do então ministro da Justiça, Alfredo Busaid: foi proibida qualquer manifestação de apoio ao Arcebispo em todo o território nacional.
O pensamento do "profeta", no filme, é expresso em depoimentos de Leonardo Boff, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Aloísio Fragoso, Dom Mauro Morelli, pelo escritor Geraldo Melo Mourão e pelo artista plástico João Câmara, e também nas imagens de arquivo produzidas nos anos 70 e 80, inclusive com material guardado pela rede americana NBC, que o entrevistou na França em 1970.